sábado, 11 de janeiro de 2014

Karl Barth, Vida e Teologia



Prof. Edson Pereira

Karl Barth, Vida e Teologia


Introdução

                        Nossa dissertação tem pelo menos três objetivos. Primeiro faremos um abordagem biográfica de Barth. Segundo, sobre sua Teologia Dialética e por último sobre como ele concebia a Palavra de Deus. 


I.             Karl Barth – uma biografia

Em Basiléia na Suíça dia 10 de maio de 1886 nasce um menino que seria considerado o maior teólogo do século XX seu nome é Karl Barth. Cresceu em um ambiente protestante de viés reformado e de profunda dedicação à teologia e à pregação. Seu pai inclusive ensinava teologia em Berne onde Barth passou sua juventude e seu avô foi pastor de uma pequena comunidade em uma aldeia suíça que ficava situado às margens do Reno denominada de Pratteln. Depois de estudar em Berne Barth estudou nas universidades de Tübingen, Marburg e Berlim na Alemanha. Na aldeia de Safenwil Barth exerceu seu ministério pastoral que seria fundante na sua teologia. Depois foi professor de teologia nas cidades alemãs de Göttingen, Münster, e Bonn. Em Bonn por não aceitar a ideologia nazista foi expulso desta universidade e voltou a Basileia onde ensinou teologia de 1935 a 1962 ano em que se aposentou. Faleceu em 1968 com 82 anos (MILLER; GRENZ, 2011 p. 13-14).
Podemos definir a teologia de Barth pelo menos em três momentos. O primeiro se da no contexto da teologia Liberal vigente naquela época denominado de método positivo, pois era o método usado pela teologia liberal que seguia o pensamento iluminista que tinha como pressuposto a razão.  Este método entedia que através da pesquisa cientifica e racional fosse possível conhecer a revelação de Deus inserida nas escrituras. Em segundo lugar temos o método dialético que é caracterizado ou influenciado por dois pensamentos filosóficos. O primeiro é a dialética do pensamento de Kierkegaard que tinha a oposição e a negação daquilo que é humano e uma mudança completa dos pressupostos da razão e a recepção cega da palavra a partir da revelação. Em segundo temos a dialética de Hegel em que Barth fará uma interpretação menos parcial. Por isso ela se revestirá de elementos negativos e positivos característicos da filosofia hegeliana entre o eterno movimento do não e do sim ou vice e versa. E por último sem negar a dialética temos a analogia da fé que consistia na revelação graciosa de Deus como fator fundamental para se interpretar a Palavra de Deus (MONDIN, 2003, p. 54-60).

Outro ponto interessante, a partir de suas experiências comunitárias como pastor é que Barth vai desenvolver seu pensamento teológico. O primeiro ponto que queremos destacar é sua decepção com liberalismo teológico e mais especificamente seus professores dentre eles Harnack e Hermann que apoiaram as ideologias das políticas de guerra do Kaiser. Segundo, era que se fazia necessário elaborar uma teologia dialógica e por isso contextual que atendesse as necessidades vigentes da comunidade e por último, Barth dentro de uma perspectiva socialista e igualitária luta a favor dos pobres trabalhadores em Safenwil que eram explorados e por causa disso ele foi denominado de pastor vermelho. Sua obra Carta aos Romanos é fruto deste contexto (MILLER, 2011, p 17-18).

Barth foi escritor profícuo. Suas obras podem ser divididas em obras exegéticas, históricas, dogmáticas e políticas (MONDIN, 2003, p.43 – 45). Segundo Miller:

A quantidade de livros que os teólogos contemporâneos fizeram brotar de suas canetas, máquinas de escrever e processadores de texto pode ser comparada às águas do Nilo em época de cheia. Karl Barth, porém, sem sombra de dúvida bateu o recorde.  Não bastasse a imensa pilha de livros que escreveu, Barth também é autor da monumental Dogmática eclesiástica: treze volumes, nove mil páginas, oito milhões de palavras e que ele deixou inacabada por ocasião de sua morte! Dizia-se que Barth deveria ter tinta nas veias, em vez de sangue. (MILLER; GRENZ, 2011 p. 16).  

II.            Karl Barth – Teologia Dialética

                        A teologia Dialética foi uma escola teológica em que os temas prementes foram discutidos e analisados. Dentre aqueles que faziam parte desta escola podemos citar Karl Barth, F. Gogarten, E. Thurneysen, E. Brunner e G. Mertz e R. Bultmann. Elaboraram uma revista chamada Entre Tempos (Zwischen den Zeiten) órgão pelo qual este movimento tornou conhecidas suas posições e reflexões teológicas (COLLANGE, 2004, p. 243) que contrastava a teologia liberal da época que resumia o cristianismo apenas a aspectos culturais, políticos e sociais. Por isso a Teologia Dialética procura contrapor a ideia de se querer conformar ou criar um tipo de relacionamento harmonioso entre Deus e o ser humano, a revelação de Deus e a razão que segue os pressupostos do iluminismo científico, a comunidade cristã e a cultura vigente. A dialética Barthiana serve como catalizador teológico deste contexto, pois busca perceber o porquê das tensões, antagonismos e desacordos. Por causa da revelação de Deus a condição do ser humano é vista de forma negativa e contrária à vontade de Deus. Por isso os seres humanos estão debaixo do juízo divino que eclode em uma crise no interior humano. A teologia de Barth é também chamada de Teologia da Crise. Característico deste seu pensamento é sua obra Carta aos Romanos, neste livro a distância entre Deus e o ser humano é infinita (ROOS, 2008, p. 977).
                       Para Barth Deus é denominado como o Totalmente Outro, ou seja, Ele transcende o ser humano em todos os aspectos. Todavia Deus se manifesta em Cristo e mostra por meio da sua Palavra a forma de termos acesso a Deus.  Cristo, portanto é resposta positiva, ou seja, o sim Deus para as nossas contrariedades, pecados, falhas que é caracterizado pela negatividade. Ao ser humano é negada a possibilidade de se conhecer a Deus a partir do mundo natural, cultura e do ser humano especificamente em decorrência de sua lastimável condição. Sua teologia despreza a Teologia Natural que é a Teologia do Ser mais propõe uma teologia em consonância com a revelação de Deus denominada de Analogia da Fé. Para ele era impossível que o ser humano através dos seus esforços pudesse alcançar o favor de Deus. Barth afirma que este tipo de postura é característico das religiões. Neste sentido a teologia de Barth é de movimento descendente. É Deus que em sua graça e misericórdia vem por meio de Cristo salvar o ser humano (ROOS, 2008, p. 977).

III.           Karl Barth – Palavra de Deus 

                        Para Barth o motivo pelo qual versa a teologia dogmática é a Palavra de Deus. Seguindo a linha dos reformadores como Lutero e Calvino ele entende que a Palavra de Deus tem um sentido bem mais amplo do que o das Escrituras. Ele considerava a Escritura como um testemunho e sinal da Palavra de Deus revelada. Barth definia a Palavra de Deus como um conjunto completo da automanifestação de Deus, isto significa que a Palavra de Deus abrange toda a dimensão do ser da Revelação. A automanifestação de Deus é absoluta, extraordinária e inédita. Ela é percebida a partir de três momentos: a revelação, a Bíblia e a pregação. No primeiro momento temos uma manifestação divina, ou seja, o momento em que a Palavra de Deus torna-se substância através da revelação de Cristo. Em segundo, a Bíblia é meio em que podemos trazer a memória o acontecimento de Deus revelado em Cristo. Nela podemos buscar e viver na expectativa da revelação futura. Por último temos a pregação. Que é definida como a proclamação do evento ocorrido no tempo e no espaço pelo qual Deus tornou e faz conhecido por meio da Igreja (MONDIN, 2003, p.63-64.).

                       Em cada uma das características ou formas da Palavra de Deus ela pode ser simultaneamente alocução, ato e mistério. Na alocução Deus fala através de elementos físicos como: pregação, palavra escrita ou pela natureza humana do Verbo. Segundo, é ato, ou seja, sua ação pode ser verificada em três momentos diferentes mais que estão intrinsicamente relacionados: na revelação Divina por meio de Cristo, na profecia e apostolado e na Igreja e pregação que se movimenta com o testemunho profético-apostólico. E no mistério temos uma dimensão profunda e indescritível da Palavra de Deus que impossível à mente humana compreendê-la ou alcança-la. Para Barth a Palavra de Deus tinha algumas qualidades que a teologia clássica geralmente atribuía a Deus, a saber: singeleza, invisibilidade, maturidade, elevada espiritualidade e sublimidade (MONDIN, 2003, p. 64-65).

Considerações finais 

                   A teologia de Barth pode ser considerada como dialógica, pois é fruto de um contexto pastoral e neste sentido comunitário, sociopolítico e teológico em que o teólogo passa por três momentos na elaboração da sua teologia. O positivo, dialético e analógico da fé. Com destaque para o dialético que passou por duas etapas de concepção filosófica. A primeira foi sob a influência de Kierkegaard e a segunda sob Hegel. Por fim temos a Palavra de Deus como à soma completa da automanifestação de Deus que pode ser vista na Revelação, na Bíblia e pregação.

.Bibliografia
COLLANGE, Jean-François. In: LACOSTE, Jean-Yves. Dicionário critico de teologia. São Paulo: Paulinas: Edições Loyola, 2004.
MILLER, E. L.; GRENZ, J. Stanley. Teologias contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2011.   
MONDIN, Batista. Os grandes teólogos do século vinte. São Paulo: Editora Teológica, 2003.
 ROOS, Jonas. In: FILHO, Fernando Bortolleto (Org.). Dicionário brasileiro de teologia. São Paulo: Aste, 2008.

                       
                         
  
                       

     

 

   


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O que se está construindo no ensino público?

 
Nunca houve exatamente uma "época de ouro" da educação no Brasil. O mantra de que "no meu tempo a escola era melhor" é uma meia-verdade pois quem fala faz pensar que antigamente a escola não tinha problema, ou que esses problemas eram ínfimos.
Nunca estudei a fundo a história da educação no Brasil mas lembro que nessa determinada "época de ouro" a escola no Brasil era bem excludente. Haviam exames de admissão em colégios públicos (o que eliminava grande parte das crianças de 10,11,12 anos da vida escolar), altos índices de analfabetismo e uma quantidade irrisória da população terminava o 2º grau (ensino médio). Ou seja, a sala de aula podia até ser melhorzinha (há controvérsias) mas a sociedade pegava fogo ao redor dela.

A partir dos anos 1970 começa a expansão do ensino público no Brasil. Os governos militares, endividados com o FMI, cumpriam com as exigências do fundo quanto a escolarização simplesmente enchendo as salas de aula, precarizando as estruturas e ainda mais os salários dos professores. O que se configurou um desastre na prática era um sucesso em números, daí tome a divulgar estatísticas frias sobre educação que em nada condiziam com a realidade. 
Essa cultura de divulgar os feitos da educação apenas em indicadores frios e estéreis se enraizou. Presidentes, prefeitos e governadores usam de números, e apenas eles, para fingir que a educação vem dando certo.

Lutar por um objetivo cujo os efeitos não se verá a olhos nus, e que para ser percebido é necessário ter uma visão histórico-contextual, é uma tarefa ingrata. O povão gosta de obra feita, de viaduto construído mesmo que ele não tenha carro e que o transporte público seja uma porcaria, gosta de hospital feito mesmo que não tenha médicos ou remédios, quer polícia na rua mesmo que essa seja truculenta e abuse da autoridade (as vezes contra o próprio povão). Esse homo vulgaris é fruto de um país onde a educação é pífia e a concentração de poder e renda nas mãos de uma minoria é enorme. Percebe-se assim que esse homo vugaris tem seríssimas dificuldades em aprender aquilo que escape ao seu horizonte imediato.
Quem mais sofre com isso é a educação, pois o povo só a enxerga em sua praticidade imediata, não pelo legado que uma boa ou má educação escolar deixará para seus filhos e para a sociedade como um todo.  Desse modo se valoriza a letra bonita, o fardamento arrumado, os conhecimentos decorebas, o domínio das 4 operações básicas e, principalmente, a capacidade da escola em manter os meninos e meninas trancados e ocupados durante o dia. Os conteúdos, a pedagogia, a preparação para a vida são deixadas de  lado. 
Para o político basta cumprir com esses anseios imediatistas e a cama está feita. Daí nasceu uma mentalidade de que importante é manter o aluno dentro da escola não importando o que ele esteja fazendo por lá. Então tome aprovação automática, tome falta de livros didáticos, falta de equipamentos e salários baixos. Tome salas lotadas, tome direcionamento pedagógico ineficiente, e tome mais deseducação escolar.

Podemos resumir que o que aconteceu foi que tentou-se acentuar a democratização do ensino sem promover a estrutura e capacitação para tal.
De nada adianta democratizar o acesso a escola se não houver antes condições para que se dê aula. As políticas pedagógicas são permissivas demais aos alunos, dando-lhes liberdade e proteção excessivas; isso acaba potencializando os problemas sociais que explodem na escola, levando boa parte dos jovens ao desrespeito ao espaço escolar, ao desleixo com os estudos e para a violência verbal e física contra professores e funcionários da educação. Fora isso há escolas onde faltam até livros didáticos.

O que se vê no ensino público são tragédias existenciais sendo escritas. Não falo apenas daqueles que por falta de oportunidades, necessidades extremas e influencia de determinadas forças vão cair no crime e no consumo de drogas; esses casos são minorias ainda que isso não torne essa face do problema menos calamitosa.. Mas me refiro ao fato de que estão sendo forjadas gerações que serão incapazes de ler um único livro e interpretá-lo, que devido a má formação escolar estarão presas aos sub-empregos, aos trabalhos meramente braçais, que não terão condições de ascender socialmente pois lhes faltarão a amplitude de pensamento para construir uma atitude ousada visando o crescimento pessoal.

São essas gerações que devido a estreiteza de pensamento sofrerão as angústias de não encontrar uma palavra que traduza suas dúvidas existenciais e seus dilemas, que não saberão resolver os problemas de sua comunidade negociando em conjunto uns com os outros (a pouca escolarização dificulta muito a convivência com ideias e posturas diferentes). Provavelmente serão esses indivíduos que mais sofrerão com a violência doméstica, que se refugiarão no alcoolismo, ou cuja única forma de força esteja no fanatismo político ou religioso. 

O fracasso da educação pública está construindo a renovação do rol de vítimas dos políticos ficha-sujas, dos líderes religiosos picaretas, dos agiotas inescrupulosos, do traficante aliciador...
 
Por: Mário Júnior
Publicado originalmente de Desacordo Moral Razoável

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Superando o preconceito e a discriminação em sala de aula



         

                                                                                                                                 Prof. Edson Pereira
INTRODUÇÃO
                         Nosso texto tem como objetivo contribuir para que em nossos espaços pedagógicos e escolares o preconceito e discriminação sejam suplantados ou pelo menos reprimidos. Por isso, em primeiro lugar, abordaremos as raízes e efeitos históricos e socioculturais que em nossa compreenção é fundametal para análise deste problema.Em segundo lugar, apresentaremos algumas propostas que consideramos essênciais para superar o preconceito e a discriminação em sala de aula.

I. Raízes e efeitos históricos e socioculturais
                           O problema da discriminação e do preconceito nos espaços escolares refletem a construção histórica como também sociocultural esteriotipadas e conceituadas pela cultura dominante. Conhecer como se deu esse processo é passo fundamental para indentificarmos a origem deste problema e a partir daí refletir criticamente nos espaços escolares ( SILVA; RAMPAZZO; PIASSA; 2010 p. 113).                   Na esteira do senso comum e da generalidade, a cultura dominante estabeleceu regras, normas, valores que de tão “normais” e “verdadeiros” tornaram-se inquestionáveis. Então grupos ou segmentos da sociedade que não tinham os mesmos hábitos ou padrões foram marginalizados, destituidos e vitimados ( FARAONE;CARVALHO, 2010, p. 16).
                        Por consequinte, concebemos que determinados comportamentos e atitudes preconceituosas e discriminadoras de docentes como de discentes são efeitos históricos e socioculturais que infeslizmente moldaram a forma de idendificar e caractarerizar as pessoas.
                         Na sociedade e no espaço escolar foi se consolidando maneiras, interpretações, cosmovisões e ações com relação ao outro entre elas podemos citar: diferencialismo repressivo, igualitarismo abstrato, diferencialismo crítico, igualitarismo concreto, multiculturalismo reparador, folclorismo, reducionismo identitário, guetização cultural ( SILVA; RAMPAZZO; PIASSA, 2010 p. 21-23), entre outros.

II. Reflexão e ação no espaço escolar
                            Já que conhecemos as raízes e por isso os efeitos que deram origem as várias formas e maneiras de preconceitos e discriminações no espaço escolar, apresentaremos aos nossos (as) alunos (as) algumas propostas que serão fundamentais para discurssão do tema.
                            A primeira proposta se refere a o interculturalismo. O intercultaralismo permite o dialógo, a alteridade, dinamicidade e reforço dos relacionamentos de forma sadia. Valoriza e respeita a diferença que é peculiar de cada ser humano (SILVA; RAMPAZZO; PIASSA, op. cit. p. 24-25). Por isso o outro no espaço escolar tanto para nós professores (as) e alunos (as) é uma possibilidade de crescimento, apredizagem, solidariedade e complemento.
                          Nossa segunda proposta “é transformar a escola em um espaço de crítica cultural” (SILVA; RAMPAZZO; PIASSA, op. cit. p. 13). É no espaço escolar que nós professores (as) devemos refletir dialeticamente com os (as) discentes sobre as várias formas de discriminação e preconceitos. Buscar suas origens, quem está por trás delas, quais são seus objetivos, seus efeitos e consequências para sociedade e escola. Devemos neste momento propciar aos nossos (as) alunos (as) a oportunidade de analizar, questionar e julgar estes estereótipos que são introduzidos na sociedade e consequentemente no espaço escolar, responsavéis de condicionar e incentivar comportamentos e cosmovisões excludentes.
                           Além de propciar a reflexão, nós professores (as) precisamos ser mediadores (as) na construção do pensamento de nossos (as) alunos (as). Concientizá-los de que muitas de suas atitudes e ações preconceituosas, discriminadoras e opressoras resultam da generalidade e ações preconcebidas de uma cultura que impõe o que pode ser aceito e o que não pode ser aceito. 
                           Levar os (as) discentes a perceberem que estão presos a um sistema que tira e destroi o direito da pessoa humana e que estes (as) são apenas marionetes nas mãos desta cultura opressora. E que só através da reflexão crítica e da práxis podem se libertar. Sobre este aspecto da reflexão e da práxis como libertadora evocamos as palavras de Paulo Freire que sintetiza muito bem nossa reflexão: “Somente quando os oprimidos descobrem, nitidamente, o opressor, e se engajam na luta organizada por sua libertação, começam a crer em si mesmos, superando, assim, sua “conivência” com o regime opressor” (FREIRE, 1987, p. 29).
                          Terceira proposta, uma educação holística. Significa dizer que em nossos currículos além das informações e conteúdos que serão passados estes devem encarnar a realidade dos (as) alunos (as). A educação tem que atingir toda vida dos (as) discentes, influenciar seu comportamento em casa no trabalho, etc. Uma educação em que o (a) aluno (a) não é apenas conhecedor (a) da história, mas alguém que criticamente vivência, analisa e faz sua história tanto pessoal como também coletiva. Na consolidação de uma humanidade que respeite plenamente os direitos do outro. Estabelecendo a convivência pacífica, recíproca, solidária com as diferentes pessoas na sociedade e no espaço escolar.

Considerações finais
                          O prencoceito e a discriminação tem sua origem histórica e sociocultural. Criada basicamente por culturas dominantes que aliadas ao senso comum formaram um corpo doutrinário para regular a vida na sociedade. Aqueles (as) que não se amoldaram as sua ideologias foram marginalizados e excluídos. E infelizmente no espaço escolar é comum várias formas de discriminação e preconceito.
                          Por isso se faz necessário tomar medidades que procurem superar atitudes e comportamentos nos (as) alunos (as) que ferem a dignidade humana. Precisa haver nos espaços escolares a construção de diálogo, alteridade, valorização e respeito para com as diferentes pessoas. Para isso é indispensável que professores (as) e alunos (as) saibam distiguir, analizar e julgar criticamente as causas, razões e objetivos de certas formas de atitudes e comportamentos preconceituosos.
                          Os (As) discentes precisam ter uma visão de mundo integral em que os mesmos percebam que não estão alheios e passivos na história, mas que são agentes, transformadores e atualizadores da história. Formando pessoas solidárias, pacíficas e que sabem viver e respeitar as diferenças.

Referências
FARAONI, Alexandre; CARVALHO, Debora Cristina de. Sociologia, ensino médio: volume único. São Paulo: Edições SM, 2010. (Coleção ser protagonista).
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
SILVA, Samira Fayez Kfouri da; RAMPAZZO Sandra Regina dos Reis; PIASSA, Zuleika Aparecidade Claro. A ação docente e a diversidade humana: pedagogia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A ação do Espírito

                                                 
                                                                 A ação do Espírito

                                                                                                             Prof. Edson Pereira

 Introdução

                Nossa reflexão sobre o Espírito tem quatro objetivos. Dar uma descrição do significado semântico sobre o Espírito. Segundo, a ação do Espírito na humanidade. Em terceiro, a ação do Espírito na vida de Cristo de acordo com as narrativas e tradições dos Evangelhos e por último como se deu a masculinização do Espírito e suas conseqüências para a cristandade.

A semântica do Espírito

                A Pneumatologia resulta da articulação empírica e histórica das comunidades judaicas e especificamente cristãs. Através da linguagem estas comunidades procuram descrever suas experiências com Deus. O Espírito Santo é compreendido e por isso representado como: vento, pessoa, ação, força criadora que atua e mantém a criação, ampliando o desenvolvimento da vida humana e da natureza ilimitadamente (MOLTMANN, 2010, p. 50-52). Por isso podemos afirmar que o Espírito Santo é vento que sopra soberanamente na cultura e natureza ativamente. Produz vida e a mantém. O Espírito Santo é pessoa, neste sentido nele e com ele e através dele podemos nos relacionar em amor com Deus, com o ser humano e com o cosmo. No Espírito a vida está sempre ampliando seus horizontes. Nele nossas utopias são vivificadas, alimentadas e estabelecidas. Através do Espírito, Cristo tem sua vida, obra, morte e ressurreição atualizadas na igreja e no mundo. (RIBEIRO, 2010, p. 120-124.). O Espírito é a porta de acesso em que Deus por Cristo se encarna para na cruz reconciliar a humanidade caída e reuni-la na sua comunhão (FORTE, 1995, p. 158).

Ações do Espírito na humanidade

                De acordo José Comblin (apud, RIBEIRO, 2010, p. 132) o tempo da ação do Espírito se dá na história em sinergia com a humanidade. Esta ação é transformadora, isto é, a humanidade que sofre de injustiças e explorações, oriundas de impérios predatórios tanto políticos como religiosos, terá suas vidas pessoais e comunitárias modificadas pelo estabelecimento do Reino de Deus. Reino alicerçado no amor, na justiça, solidariedade e paz. É ação universal e inclusiva. Todos participam e desfrutam da graça e vida do Espírito.

A ação do Espírito na vida histórica e teológica de Jesus

                 Nos Evangelhos percebemos que a vida de Jesus tanto histórica quanto teológica foi resultado da ação do Espírito (MOLTMANN, 2010, p. 67). Por meio do Espírito Jesus nasceu, pregou o Evangelho do Reino, o ser humano foi atendido de forma integral, o amor e a graça de Deus afetaram a todos, mas especificamente os pobres, seu kerigma foi vivificador e curador. Podemos dizer que o ministério de Cristo foi o ministério do Espírito. Em todos os momentos do seu ministério, de serviço, comunhão, tentação, alegria, tristeza e dor, o Espírito estava intrinsecamente relacionado com a vida, obra, morte e ressurreição de Jesus.

A masculinização do Espírito e suas consequências

                  A masculinização do Espírito surgiu a partir de alterações conceituais com relação à semântica. Consequentemente o cristianismo perdeu sua identidade com o Cristo. Com a masculinização do Espírito o cristianismo ficou sem posse de sua alteridade, dinamicidade, comunhão e poder kerigmático. Surgiu um tipo de cristianismo “oficial”, fechado nos seus dogmas e preceitos. Aqueles e aquelas que não vivenciam suas práticas são colocados a margem, daí surge o conceito de cristianismo marginal. O cristianismo marginal é constituído de pessoas como crianças, negros, escravos e principalmente mulheres relegados a um tipo de cristianismo secundário. Secundário, por que estas pessoas não são vistas a partir da gratuidade do evangelho que nos faz em Cristo um só corpo sem distinção, mas de dogmas estereotipados, tiram destes (as) o direito de lideranças eclesiais e políticas. O cristianismo com toda a sua dinamicidade étnica, cultural, musical, teológica, cúltica e literária ficou “enlatado” num formalismo rígido e padronizado. A expansão ativa e eficaz do Espírito ficou fora de cogitação. O cristianismo deixou de ser ecumênico, tornou-se fundamentalista, elitista, egoísta e mercadológico. As instituições não procuram mais o diálogo, a confraternização, a reconciliação, a comunhão, o serviço, marcas vitais do cristianismo. Por isso nosso discurso é dúbio, hipócrita, sem gosto, superficial e longe do ideal do reino. É muito parecido com o discurso dos fariseus que eram carregados de uma rígida e reta doutrina, contudo era ineficaz, não produzia vida, amor, paz e o estabelecimento da justiça.

Considerações finais

                 O Espírito é Deus em pessoa, caráter, força, poder, vida, expansão e amor. É ação vivificadora, transformadora e promotora do estabelecimento do Reino de Deus que é caracterizado por justiça, paz e amor. Jesus e Espírito se confundem como consequência da alteridade e unidade no plano cósmicosalvífico, sem deixar de lado suas peculiaridades como pessoas. Vida, obra, morte, ressurreição e kerigma de Jesus foram intrinsecamente movidas e relacionadas com o Espírito. A masculinização do Espírito alterou e prejudicou proclamação do Evangelho. Todos os valores do Reino como alteridade, comunhão, reconciliação, dinamicidade e autoridade kerigmática foram sacrificados. O que sobrou foi um cristianismo rígido, formalista, sem vida, sem testemunho, fundamentalista e hipócrita. Esqueceram que a vida cristã é vida no Espírito. Viver no Espírito é ter vida em intensidade, liberdade, amplidão, paz, amor e justiça, contra estas coisas não a formalismo dogmático.

Referências bibliográficas

FORTE, Bruno. Teologia da história: ensaio sobre a revelação, o início e a consumação. São Paulo: Paulus, 2010.
MOLTMANN, Jürgen. O Espírito da Vida: Uma pneumatologia integral. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
RIBEIRO, Cláudio de Oliveira. Teologia em Curso: temas da fé em foco. São Paulo: Paulinas, 2010. (Coleção iniciação teológica).

sábado, 17 de agosto de 2013

10 BOBAGENS DITAS POR PREGADORES

1. A CIÊNCIA DIZ QUE O HOMEM VEIO DO MACACO;
Diz? Onde? Charles Darwin disse isso? Quem foi o completo analfabeto em Biologia que disse isso? A Teoria da Evolução não diz isso. Talvez tenham interpretado mal aquela “filinha” nos livros de Biologia.

2. A CIÊNCIA É LIMITADA, FALHA E VIVE MUDANDO.
Se com limitada, querem dizer que ela não explica tudo, concordo. Ninguém explica tudo! Se com falha, querem dizer que ela comete erros, concordo também. Não vejo nada de anormal nisso. Sobre viver mudando, discordo. Ela se aperfeiçoa, se corrige, é aberta a novas descobertas. A ciência é acessível a qualquer pessoa, independente de crenças. Ela mesmo convida você a questioná-la, a testá-la. Entendo a ciência como uma investigação, um pesquisa. A ciência não determina nada, nem alega deter verdades absolutas e inquestionáveis.

3. A PRÓPRIA CIÊNCIA COMPROVA O QUE A BÍBLIA DIZ;
Mas a ciência não é limitada, falha e vive mudando???!!! Engraçado que quando a ciência se choca com a bíblia, é acusada de várias coisas. Mas quando está de acordo, ela começa a ter crédito. Se descobrem algo que corrobore o que a bíblia diz, os religiosos pulam de alegria. Por que não falam em ciência quando o assunto é vida após a morte, imortalidade, cobra e jumenta falante, mulher ficando grávida sem necessitar de um homem? A desculpa esfarrapada pra isso, é que é uma questão de fé. Mas se a ciência amanhã publicar que existe mesmo vida após a morte, tem culto de louvor nas igrejas! Sinceramente...

4. SE SER OTÁRIO E IGNORANTE, É SERVIR A JESUS, ENTÃO EU SOU OTÁRIO E IGNORANTE!;
Tudo bem, se quer ser, problema seu. A questão é que você admite ser um otário e ainda vive ensinando e pregando pra todos. Ou seja, admite que é um palerma e ainda quer divulgar e transformar os outros em otários também. Isso deveria ser considerado crime!

5. O SER HUMANO SÓ É FELIZ QUANDO ACEITA JESUS;
Ou seja, todo os judeus, muçulmanos, budistas, ateus, agnósticos, deístas, hinduístas e outros milhões, são infelizes. Só duas perguntinhas: como você sabe que todos eles são infelizes? Você conhece a mente de todos eles? Fiquei curioso. Nem precisava dizer, né? Lendo minha mente, você já soube que estou curioso.

6. NÃO SE QUESTIONA A PALAVRA DE DEUS;
Ou seja, não pergunte muito, não duvide, não seja curioso, não seja crítico, não seja questionador, não estude muito. Esse um dos principais ingredientes na receita de pra transformar as pessoas em ignorantes, alienados e fanáticos.
O cara afirma que existe um céu e um inferno nos esperando, que uma cobra e uma jumenta falaram, que estamos rodeados por seres espirituais, que Jesus não teve um pai biológico, e temos que ficar calados?! Haja paciência pra ouvi absurdos desse tipo!

7. DEUS É DEUS!;
Nossa, que gênio! Com uma frase dessa, deveria ser laureado com algum prêmio! Quando dizem isso, querem dizer que não podemos entendê-lo, questioná-lo. Quando não sabem responder algo, costumam falar isso.

8. A LETRA MATA;
É semelhante ao absurdo 6. Muitos dizem que isso significa que não devemos estudar muito. Não devemos questionar, querer saber demais. Apesar que muitos dizem que quando a bíblia diz que a letra mata, não está se referindo a isso. Vai saber, né? Afinal, existem tantas interpretações pra bíblia.

9. OS CIENTISTAS DIZEM QUE TUDO VEIO DE UMA EXPLOSÃO. EU NUNCA VI EXPLOSÕES CRIAREM NADA!;
Primeiro, a imensa maioria dos cientistas defendem a Teoria do Big Bang. Isso inclui cristãos. Erradamente, a maioria pensa que essa teoria implica em descrença ou que seja coisa de rebeldes, pervertidos, materialistas, humanistas. Segundo, existem muitas evidências que o universo se originou do que chamamos de Big Bang. Segundo Bryan Greene, professor de matemática e física da Columbia University, o Big Bang fala sobre o “desenvolvimento” do universo, não da origem de tudo. Terceiro, é um erro grosseiro comparar o Big Bang com a explosão de uma bomba ou algo semelhante. Por isso afirmar que nunca se viu uma explosão criar nada, é válido apenas se estiver se referindo a esses tipos de coisas. Só uma pergunta: Alguém aí já viu seres espirituais criando universos?

10. UM CERTO ATEU MANDOU ESCREVER EM SEU TÚMULO: “NEM DEUS ENTRA AQUI”. UM RAIO ABRIU O TÚMULO, E ALI NASCEU UMA ÁRVORE;
Morro de ri quando escuto essa bobagem. O que tem de engraçado? Bem, quando falam isso querem dizer que deus existe e que dele não se zomba, que não devemos desafiá-lo.
Como eles sabem que foi deus que enviou o raio? Quando alguém morre atingido por um raio, foi deus também que atirou ou foi apenas coincidência? Ou a pessoa estava no local errado e na hora errada?
Deus não tem coisas mais importantes pra fazer do que violar túmulos?
Por que ele não enviou um raio na cabeça de Hitler, nos senhores que escravizaram milhões de negros ou nos responsáveis pela miséria no continente africano? E olha que eles fizeram coisas bem mais graves que mandar gravar uma frase no seu túmulo!
Quando as pessoas estiverem morrendo de fome, sendo torturadas, estupradas ou doentes, devem dizer: NEM DEUS RESOLVE MINHA SITUAÇÃO! Ora, se ele se preocupou com um defunto, imagine o que ele não fará pelos vivos!
E a árvore? O que tem de estranho em nascer uma árvore num túmulo? Semente, terra adubada, deus deve ter mandado chuva também, né? Quer mais o quê?
Estava pensando em enterrar alguns ateus nas áreas desmatadas e colocar algumas frases parecidas como epitáfio. Seria um reflorestamento rápido e eficiente!

Por Carlos Wilker